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sexta-feira, 4 de julho de 2008

Mitos Urbanos: Betos e friques

Na senda do meu blogue anterior acerca da betaria que se clonava numa estação de metro, aqui recupero um conceito meu, das profundezas dos meus arquivos:

URBAN LEGENDS: Os clichés, parte I:

As lendas urbanas que que aqui denomino são as sub-culturas e os rótulos em que a sociedade portuguesa se divide.

Eis os que, por serem considerados um arquétipo normativo, se enquadram no conceito de verdadeiras lendas urbanas.

O Beto:
O beto é uma denominação que foi criada no princípio dos anos 90 aquando do boom da marca benetton para denominar os que a vestiam. Eram os chamados meninos bonitos, limpinhos e correctos que pululavam amiudemente pelas escolas secundárias das cidades e sub-urbes. Depressa se generalizou ultrapassando a marca única quando o beto foi para a universidade. A denominação beto foi sendo substituida por Menino da Linha ou Menino da Católica pois começou-se a notar um aumento da espécie na linha de Cascais e na Universidade Católica. Os estudos são inconclusivos ao tentarem decidir se não é a própria universidade que os cria. Os betos quase que atinjem o estatuto de lenda pela sua capacidade de se clonarem a si próprios. Não há um beto diferente um do doutro. É vê-los na paragem em frente à Universidade Católica com as camisas Ralph Lauren, os cabelos semi-compridos aloirados e os polos Burberrys e as gajas com as madeixas loiras e argolas enormes nas orelhas. Uma investigação secreta em curso tenta descobrir se qualquer anomalia física, química ou metafísica ao redor da Universidade Católica faz com que hajam alterações genéticas ao nível dos seus alunos para que se pareçam todos com os putos daquele filme do John Carpenter, "A Cidade dos Malditos". Quando digo que o beto quase que atinje o estatuto de lenda urbana é porque o seu status estético-moral de direita conservadora depressa se esvanece quando a beta se apaixona por um cabo-verdeano de rasta com 1m95cm e uma picha de 25 cm e a a enraba, conservadoramente, enquanto lhe agarra pelas argolas e o beto vai de erasmos para a Holanda onde encontra uma frique alemã com pêlos nos sovacos, uma tatuagem do Che Guevara na mama esquerda e sandálias de cabedal que lhe faz um broche enquanto sopra o fumo de uma White Widow acabada de fumar para os colhões. O beto normalmente morre com os cornos cheios de coca e com o Z8 do papá enfiado num poste na marginal em Carcavelos.

Falando em friques: O Frique:
O frique ( aportuguesamento livre de freak ) elevou-se ao estatuto de lenda urbana pela capacidade única que tem em não se lavar. O frique generalizou-se pela rua. É normalmente um beto arrependido cheio da pasta que se zanga com os papás e vai à procura do sentido da vida para as estações de metro. Há uns friques que conseguem ir para a universidade e quando assim é as academias do nosso país enchem-se de pulgas. Isto porque um frique não é frique sem um rafeiro com sarna atrás. Mais uma prova de amor aos animais a juntar ao facto de serem todos vegetarianos. De tal modo que, há estudos que indicam, embora não confirmem, que as mulheres friques abdicaram de todo o tipo de chouriço, incluindo o chouriço do companheiro, e que deixam entrever que a familiaridade com os cães ultrapassa a simples interactividade Homem-animal e que as línguas dos bichos possam servir para mais do que lamber as próprias feridas. O estatuto de lenda confirma-se pelo facto de num círculo de friques ( dos verdadeiros friques ) não se aproximar mais ninguém, ou então é do cheiro... Finalmente um dos maiores mistérios é a questão de ainda não se terem encontrado cadáveres de friques. Acredita-se que vão todos morrer ao mesmo sítio. Por outro lado especula-se que o desaparecimento dos friques a partir de uma certa altura esteja ligado ao aparecimento de novos gestores, economistas e advogados neo-conservadores que estão a dominar a economia mundial. Personagens das quais antes não havia nenhum vestígio...

Próxima lenda urbana... Dom Sebastião...

1 comentário:

  1. Boa tipologia. Falta agora uma análise cuidada de outra tribo urbana: o benfiquista.

    (deixo aqui um ou outro subsídio: bigode e/ou outras pilosidades, mau gosto estético e futebolístico, flatulência, esquizofrenia ["O Mantorras é o maior" X "O Mantorras é preto"], etc.)

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