A noção de sofrimento vicariante é usado na psicologia para identificar as pessoas que sofrem por simpatia com o mal dos outros, assumindo mesmo sintomas muitas vezes idênticos aos do que sofre realmente. É por isso que o sofrimento vicariante é uma patologia psicossomática.
A sociedade contemporânea trouxe-nos uma forma mais mesquinha e retorcida de sofrimento vicariante, o sofrimento à distância. Casos típicos podem-se encontrar no recente fenómeno Maddie, em que, em frente à televisão, descansados da vida depois de um dia de trabalho se sofre com o destino da pobre menina com a sinceridade mais desinteressada do mundo... Até se desligar a televisão e se berrar com a mulher por o jantar estar frio ou com o marido por cheirar a cerveja. Depressa a Maddie, ou outros casos afins, se transforma numa página de um livro arrumado no canto da estante, que se volta a abrir quando não se tem mais nada para fazer. O sofrimento alheio é consumido como uma droga alienante.
Outro tipo de sofrimento vicariante é o que muitas vezes se encontra aqui pela internet, Na aberração que é o chainmail e retratada de maneira deprimente pelos sites de "social networking", Hi5, Netlog, blogues diversos e afins e que, assim como em muitas outras coisas, é também espelho da sociedade em que vivemos
Não raras as vezes em mensagens e perfis há uma menina (quase sempre uma menina) muito preocupada, ofendida, escandalizada, disposta a dar a vida até, pela fome no Sudão, pelos animaizinhos maltratados na Antártica ou na China, por causa das peles ou por qualquer vítima de uma doença rara que precisa não sei do quê para ir fazer uma operação não sei aonde.
Curiosamente, entradas de blogs ou de perfis que anunciam os cortes do orçamento de estado de 2007 para as ajudas de custo para pessoas com deficiência nem uma. Palavras sobre os 900.000 ex-combatentes da guerra colonial que arrastam os seus fantasmas sem apoio nem solidariedade do próximo no dia a dia do país, mínimas. Indignação perante o desemprego, o fecho de fábricas, Referências à discriminação social, fome, actos de miséria diários que se arrastam todos os dias nas ruas onde essas meninas, e meninos, todos os dias se passeiam, nenhumas. As que existem são de friques de esquerda, burgueses arrependidos ou cristãos com problemas de consciência.
Porque é muito mais fácil indignarmo-nos com foquinhas a serem esfoladas a dezenas de milhar de quilómetros de distância ou mesmo com a tragédia do Darfur do que com a miséria que habita à nossa porta. Dessa foge-se, fecha-se os olhos, entra-se em casa e vem-se para a net escrever banalidades.
Custa ver com os próprios olhos a realidade, por isso inventa-se indignação com coisas que desaparecem assim que desligamos o PC.
Não digo que as causas aqui referidas não sejam também válidas. Mas se não somos capazes de ser honestos com o sofrimento à nossa porta, muito menos seremos capazes de ser com o sofrimento longinquo.
Ser solidário assim é fácil... Com as putas das foquinhas...
Beijinhos, e o c*aralho.
Bom depois da leitura, subscrevo tudo o que dizes e acrescento: ainda bem que assim é!!! Porque esta vidinha de merda que levamos já é dificil, olha se só sofressemos na realidade com aquilo que vemos na TV e etc, mais do que uns minutos, que são aqueles que leva até acabar a noticia em questão, era "buéda" lixado!!! A minha existência já pesa tanto, olha se eu me preocupasse mais do que breves instantes com os outros?! Até porque "o inferno são os outros" e as focas também!!!
ResponderEliminarEu gosto muito das foquinhas... e das putas também!
ResponderEliminarTem que gostar mesmo Peter of Pan, por que vc é mais um F* da P* hipócrita.
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