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domingo, 26 de outubro de 2008

Alvos a Abater: Pequeno manual de respostas prontas a situações do dia a dia.

Mais um blog da honestidade com um subtítulo inspirado pela dominicidade.


O grande Filósofo das Segundas Feiras Jim Davies, mais conhecido pela sua gatificação da BD, Garfield, tinha uma maneira simples de dar destino a qualquer personagem que não lhe merecesse existência digna no seu qoutidiano enquanto gato. Aos carteiros, ao palhaço Binky, aos apresentadores de concursos imbecis, a pessoas que detestavam lasanha, Garfield arranjava-lhes um fim simples. Parafraseando:

"Gajos como tu deviam ser arrastados para a rua e abatidos a tiro"

É com essa frase que constantemente habita no meu imaginário, por força das circunstâncias do dia a dia, que muitas vezes respondo entredentes a certas personagen. Manda o civismo, e uma boa dose de um cocktail de Filosofia Zen com Estoicismo, que responda o mais possível com um sorriso e um "Com certeza, compreendo perfeitamente, muito bom dia" Maneirismo adoptado de um trabalho que tive em tempos e que muitas vezes consistia em falar com verdadeiros energúmenos mas cujo dever laboral me obrigava a responder com um sorriso na cara (que segundo os supervisores se "reflactia na voz"... um c*ralho de preto pelo cu acima também se reflectia na voz...) Adiante.

Já conhecidos aqui os meus ódios predilectos, alvos dos mais diversos blogs, sendo eles, para quem não conhece, a classe Jurídica, os empreiteiros de construção civil e os Filósofos analíticos, vamos dirigir o tema de hoje a casos mais específicos. No nosso quotidano de trabalho, familiar e no meu caso específico, também académico, deparamo-nos constantemente com situações, que podem ser personificadas por um personagem concreto ou casos que podem advir de artigo que lemos ou de uma situação material mas cujo autor ou responsável não está presente, que nos podem levar a uma resposta/solução que se enquadra perfeitamente na máxima Garfieldeana:

"Guys like you should be dragged in to the street and shot"

Por exemplo. Estamos no Metro e um senhor com ar importante, passa-te à frente, calca-te tranquilamente o dedo grande do pé, que por acaso até tem uma unha encravada e em vez de pedir desculpa ainda te afasta com ar ofendido da porta para poder passar. Eis uma situação em que podíamos adoptar uma versão até mais elaborada da máxima Garfieldeana. Não fosse o, pouco, sentido cívico que ainda nos resta - aos que ainda resta - imediatamente, num surto fulminante de Honestidade, pegávamos no senhor pelos colarinhos e proferíamos sonoramente:

"Filhos de Puta como TU deviam ser amarrados com arame farpado e arrastados para a rua à chuva e abatidos com um tiro na nuca como se faz aos cães raivosos como TU!!!"
Sendo que o "TU" deveria ser acompanhado com uma dose generosa de saliva bem perto da cara.

No entanto, já que a utilização da resposta foi generalizada pela personagem felina e como por mais variações que faça ao "arrastar até à rua e abater a tiro", não passará nunca de uma colagem ao original agradeçemos o mote a Jim Davies e procuremos outro tipo de respostas/acções que podemos dar a estas e outras situações de quotidiano se de repente fossemos assolados por um surto de honestidade fulminante.

Vejamos por exemplo a resposta/acção para as seguintes situações:

Aos tocadores de acordeão e violino de leste que usam caixas de ritmos e actuam no Metro às 9 da manhã:

"A gajos como tu deviam enfiar a cabeça num cone de alumínio de uma coluna de 19" e ligá-la no máximo para um volúme para além do limiar da dor, ao som da Sagração da Primavera do Stravinsky e enquanto os teus tímpanos não explodissem os teus genitais deviam ser esticados com as cordas do violino enquanto de espancavam a cabeça com o acordeão!!"

A analíticos que argumentam ética animal com modus tollens

"Gajos como tu deviam ser obrigados a ser enfiados dentro de uma carcaça de vaca acabada de matar e limpar a carne dos ossos com a língua enquanto te tatuavam a ferros em brasa o Da certeza do Wittgenstein do lado esquerdo do corpo e do outro lado a Ética Animal do Peter Singer ao mesmo tempo que um porco com peste suína te sodomizava."


Aos de extrema direita que advogam a homossexualidade como cancro social e negam direitos fundamentais a cidadãos só porque abafam a palhinha ou lambem carpetes...

"Um preto com 2m10 de altura e 150 Kg de peso preso há 10 anos"

Ah... espera... Provavelmente esta última até nem é castigo...

Bem Hajam...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Erros de paralaxe: O Nazi Gay

Perdoem-me os leitores habituais pela menor frequência na publicação dos textos mas o tempo não é muito e o que sobra é para trabalhar para o que agora me ocupa o tempo, ou então simplesmente descansar. No entanto sempre dá para, de vez em quando, vir aqui comentar.

Antes demais definamos a noção de erro de paralaxe. A paralaxe é um fenómeno de ilusão que faz com que um corpo aparentemente se desloque dependendo da alteração de posição de quem observa, embora esteja realmente parado. Em óptica o erro de paralaxe significa a deslocação da imagem final de uma foto relativamente à perspectiva inicial do observador. Em ontologia o erro de paralaxe é quando esses dois pontos de vista (o original e o observador) se dão ao mesmo tempo. Uma paralaxe simultânea.

Os erros de paralaxe ontológicos dão-se, de um ponto de vista existencial, quando o observador tem um opinião acerca de algo exterior e faz exactamente o contrário do que opina. São dois pontos de vista paralelos e opostos, dados ao mesmo tempo tempo numa só pessoa. Agrava-se e completa-se este fenómeno existencial quando a pessoa vai mudando o seu ponto de vista a seu belo prazer relativamente ao objecto.

Esta é a descrição complicada e intelectualizada do que se vulga chamar "Má-fé"

Vem hoje noticiado no Correio da Manhã (e em tudo o que é imprensa) que Joerg Heider, que o antigo líder ultra-conservador da Áustria, neto de um oficial das Schutzstaffel (SS) mantinha uma relação homossexual com o seu sucessor no Partido e que horas antes de morrer esteve num bar gay...

Kierkegaard, nos seus escritos, defendia essencialmente a honestidade de si para si mais do que a honestidade de si para os outros como vitória máxima do próprio para se viver com tranquilidade até ao fim dos dias.

Uma coisa é esconder a sua homossexualidade por pressões da sociedade e intolerância dos outros por ser diferente. Outra coisa é advogar ferozmente contra uma tendência e à noite ir passar o esfincter com vaselina em gang bangs de motoqueiros de bigode ao som da Gloria Gaynor.

Nem me preocupa tanto o facto do Heider ter sido rabicha e espumar da boca contra os podres da sociedade como se fosse um oficial das Waffen-SS... Preocupa-me que estas figuras, exemplos máximos de erros de paralaxe com pernas, subam amiudamente nas sondagens, apoiadas cegamente por bandos de amibas sem espinha, sem um mínimo de livre arbítrio ou capacidade de opinião, pelos discursos odiosos que proferem estas personagens sinistras. A explicação é até simples. Elas próprias, as pessoas que o apoiam (que não são poucas, e para isso basta olhar as sondagens e ouvir as pessoas na rua, padecem também desse erro de paralaxe.

Ao ler estas notícias apetece-me por vezes esfrega-las na cara daqueles que antes defendiam com unhas e dentes determinada personagem por defender determinada ideologia. Cuspir-lhes a má fé de volta para cima.Vocifero eu aqui, num manifesto de angústia de quotidiano, para os que gritam sem pensar, para os seguidores da "moral" e dos "bons costumes", para os que destilam ódio gratuito pela diferença quando nada mais são do que iguais e gritar-lhes "SUA BESTA!!"

Mas atenção, o que está em causa aqui não é se há moral ou não há moral, se a homossexualidade é boa ou má ou se uma determinada ideologia é melhor do que a outra, pois isto abarca todos os outros aspectos da vivência em sociedade.O que está em causa aqui é a honestidade de si para si.

Respeitaria mais o Heider se fosse um Nazi assumido com uma suástica tatuada no pescoço e fosse honesto nas suas convicções. Seria absolutamente contra elas mas seria ao menos um adversário de respeito que poderia combater ferozmente.

Assim, (como a maioria da chamada extrema direita e extrema esquerda) são apenas uns pobres coitados que acabam por se consumir nas suas próprias contradições. Cegos para os seus próprios erros de paralaxe, constantemente a berrar o contrario do que fazem, e vice-versa, numa constante mudança de ponto de vista.

O que me preocupa é que essas pessoas são pessoas da rua, que estão aí, espalhadas no dia-a-dia que me vejo obrigado a partilhar.E o que mais me assusta ainda é que poucos são neste quotidiano entristecido, os que não o fazem...

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Chineses, Coca-Cola e esperma

Ora há muito tempo que não vinha aqui desfiar o novelo de parvoíces habitual. Este foi um mês de pico de trabalho e amanhã vou tirar uns diazinhos para assentar ideias, descomprimir e preparar o inicio uma nova fase onde não vou ter tempo sequer para coçar o tomate (se houver voluntárias para o fazer, agradeço). Será o respirar fundo antes do mergulho para o desconhecido.

Nesta horinha de descompressão matinal antes de um dia longo não há como fazer o browse pelas notícias madrugadoras à procura de algo edificante que nos ajude a passar o dia com optimismo. Com o planeta à beira da crise financeira, com o país refém dos cartéis gasolineiros (e com as amibas dos portugueses a abrirem o buraquinho do cu, passarem vaselina e convidarem que os capitalistas os enrabem bem fundo com as mangueiras de gasolina, num misto de masoquismo BDSM com submissão ao capitalismo moribundo), com o Benfica a suicidar-se tacticamente à beira da liderança, resta-nos o progresso científico e as suas as revolucionárias investigações para nos dar esperança que o mundo de amanhã não é um buraco negro sem fundo nem futuro.

Ou não.

A comunidade científica (aquela que inventou a bomba atómica e gastou 6 biliões de dólares num círculo de 27 quilómetros que não funciona) presenteia-nos anualmente com os mais perfeitos exemplos de inutilidade da actividade da raça humana. Ao mesmo tempo que se celebra em magnânimos festejos a entrega dos prémios Nobel, são também entregues os Prémios IgNobel. premiando os feitos mais idiotas do progresso e investigação da humanidade.l

Fiquem com alguns dos exemplos do quão idiota pode ser o espírito humano, contrabalançando assim a ideia de que o intelecto serve para alguma coisa:

  • IgNobel da Biologia: Marie-Christine Cadiergues, Christel Joubert, e Michel Franc descobriram que as pulgas que vivem em cães saltam mais alto do que as que vivem em cães...
  • IgNobel da Química: Sheree Umpierre, Joseph Hill, e Deborah Anderson por descobrirem que a Coca-Cola é um espermicida eficaz e C.Y. Hong, C.C. Shieh, P. Wu, e B.N. Chiang por descobrirem que não é... (nem quero tentar imaginar que tipo de experiências fizeram os primeiros para chegarem à primeira conclusão, e muito menos os segundos para a indeferir. De notar que os segundos são chineses... Chineses, Coca-Cola e esperma... adiante...)

E finalmente o meu favorito:

  • IgNobel da Paz: A Comissão Federal Suiça de Ética para a Biotecnologia Não-Humana e os cidadãos da Suiça por adoptarem o princípio legal (!) de que as plantas têm dignidade!

Ora só este último prémio IgNobel dá para fazer um blogue com contornos ensaísticos, mas fiquem-se com esta: Da próxima vez que roerem uma cenoura... Não se esqueçam que ela era um vegetal digno...

Os restantes nomeados deste ano e dos anteriores, aqui:
http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_Ig_Nobel_Prize_winners#2008

Bem hajam