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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A obscenidade

Anda tudo em alvoroço no mundo docente pelo facto de os professoresn contratados com menos 5 anos de docência terem que fazer uma prova de avaliação de conhecimento e competências.

Os Professores, como diz bem o João Miguel Tavares no Público de ontem, são a mais poderosa corporação do país, e um grupo que varre ministros pela base como uma ceifeira colhe trigo. Há de haver um dia um ministro que lhes faça frente. Esse ministro não será Nuno Crato.

Não vou aqui dsicutir o mérito ou demérito da prova nem a sua necessidade ou não. Vou apenas chamar a atenção para a obscenidade latente da sua consequência.

Uma prostituta velha e gorda, nua e cheia de varizes a lamber banha de porco de um pénis erecto de um gorila albino não é obsceno, é exótico.

Isto é obsceno:

Segundo percebo pelo artigo 2º do Decreto Regulamentar nº 3 de 2008, no qual se baseia a atual prova, a prova serve para aferir das condições de recrutamento para os agrupamentos de escolas, ou escolas, públicas.

Basicamente, se um professor quiser ser contratado pelo Estado, tem de fazer esta prova.

Se chumbar deixa de ser elegível para colocação numa escola pública.

Certo.

Mas pode ser tranquilamente contratado por uma qualquer escola privada.

Ora imaginemos que esse estabelecimento de ensino privado contrata esse professor - que o Estado não quis - e tem um contrato de concessão com o Estado ou tem alunos que beneficiam do cheque ensino.

Esses alunos vão ter aulas com um professor a quem o Estado não quis pagar por não lhe reconhecer competências para dar aulas.

Mas vai dar aulas e receber dinheiro por isso numa escola a quem o Estado paga mais barato e que aceita perfeitamente ter como professores aqueles que o Estado tratou como refugo.

Isto é a PACC.

Isto é obsceno.

Vâo levar no cu, que é menos obsceno.




quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Estou-me, normalmente, a cagar para a Margarida Rebelo Pinto. Mas hoje...

Estou.me a cagar para a Margarida Rebelo Pinto.

Esclarecido este ponto, escrevo sobre ela porque, num assomo da lucidez que me ajuda a levantar todos os dias e a vir trabalhar, percebi que, quando um galho seco solitário e mal fodido vem à televisão mandar bitaites, ele é ouvida por milhares, que, distraídos nas suas vidas quotidianas, não diferentes da minha, podem até levar a sério o que o galho seco diz.

O galho seco normalmente diz parvoíces. Não é novidade. E as parvoíces do galho seco não me fazem grande mossa, assim como o barulho de um escaravelho a rebolar uma bola de estrume me faz mossa. Portanto, as discorrências do galho seco sobre a existência, os romances, as badochas ou a política nacional, são-me proporcionalmente relevantes quanto o ruído de uma mosca a sorver com o seu probóscide a superfície de uma feze o é.

Como já deu para perceber, a minha atenção ao que o galho seco diz não dá para muito mais do que um ou dois parágrafos de escatologia entomológica.

No entanto, a distraída audição da idiotice da semana do galho seco, que não é nem mais nem menos idiota que as outras idiotices habituais, apanhou-me hoje num contexto diferente.

Quando, na circunstãncia do meu trabalho, tenho homens, cuja vida foi destruída pelo duvidoso dever pátrio da Guerra Colonial, a confessarem-me as tentativas de sucídio ou os horrores que foram levados a cometer numa mata qualquer na Guiné, ao mesmo tempo que estou a paginar um pedido de ajuda de géneros para as famílias desses homens que estão a passar fome, as barbaridades do galho seco fazem-me uma impressão ligeiramente mais incomodativa.

Se hoje de manhã estes homens estão aqui a confessarem as dores à laia de desabafo em vez de estarem a atirar.-se do sétimo andar ou a espancar a mulher porque pensam que ela é um turra, é porque houve alguém, um dia,que fez barulho, que incomodou governos, que reivindicou direitos, que gritou e impediu outros cidadãos de irem trabalhar e essas exigências deram frutos. Hoje têm legislação que os reconhece e associações que os protegem. Não é perfeito e muitas dessas conquistas estão de novo em causa, o que leva a que não se calem, não se fiquem, e continuem a lutar por aquilo a que têm direito.

Este é um dos princípios básicos da democracia.

Mas para o galho seco nada disso é importante.O importante é não incomodar o governo. Aliás, quem incomoda o governo não tem inteligência, tem falta de civismo e sente repulsa e pena de quem se manifesta.

Duvido que Margarida Rebelo Pinto tenha alguma vez sentido repulsa a sério.

Repulsa sente-se quando um oficial superir ordena que se mate uma criança porque está a chorar e pode revelar a posição ao inimigo. Repulsa sente-se quando o unimog onde segue vai pelos ares porque um qualquer traidor do quartel colocou uma mina e matou metade do pelotão. Repulsa sentem estes homens que viram as suas vidas destruidas e agora não conseguem ser ressarcidos por causa de burocracias e tergiversações dos governos que Margarida Rebelo Pinto sente pena por serem incomodados.

Como escrevi, com excepção das condicionantes de hoje aqui descritas, a MRP não me faz mossa alguma. 

Não chega a ser uma "that bitch i love to hate". Não tem alcance intelectual para tal. Nessa categoria coube em tempos o Luís Delgado e hoje em dia o Henrique Raposo.

Mentes venenosas que, embora intelectu
almente desonestas, servem a propaganda de uma agenda política que está nos antípodas do que defendo e quero que continuem a escrever para serem alvo do meu ódio de estimação. É gente que, um dia que se formasse uma República Bolchevique Lusitana, estariam na fila da frente para serem abatidos a tiro na nuca pelo comité revolucionário na Praça do Comércio e estaria lá para premir o gatilho.
 

A MRP não faz parte desse lote.

A MRP é um epifenómeno pop que mal ocupa o papel de putinha do regime, como por exemplo faz tão bem uma Anne Coulter com os Republicanos. A MRP queria ser a putinha do regime só que ninguém lhe liga, muito menos o regime.


Como não quero entrar no insulto gratuito, aqui termino a minha crónica de hoje e volto à minha escatologia habitual relativamente ao galho seco.

Bem hajam.




sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A Banca "aguentada" pelo contribuinte

Já percebi o mal da Europa e do capitalismo europeu. O Capitalismo Europeu é capitalista enquanto tem o guarda chuva dos estados. Nos Estados Unidos um capitalista não se vira para o seu concidadão e advoga a sua pobreza. O capitalista norte americano vira-se para o seu concidadão e diz.

"Dá-me o teu dinheiro que eu faço-te mais rico e se eu o estourar todo é realmente um problema teu porque tu deste-me o teu dinheiro de livre vontade e é essa a nossa liberdade, a de nos explorarmos mutuamente até à miséria de um e a abundância do outro, ad infinitum, sem que ninguém, muito menos o Estado, tenha alguma coisa a ver com isso."

Quando o Bush salva a banca em 2008 houve uma resistência ideológica a esse resgate "É o comunismo" diziam os banqueiros da velha guarda. A vontade dos banqueiros sobreviventes é que se deixasse cair a banca que não foi capaz de sobreviver à crise e os mercados reequilibrar-se-iam por si só. Claro que se estavam nas tintas para o dinheiro perdido pelos depositantes e investidores, porque segundo os norte-americanos foram livres de o fazer e conheciam os riscos.

Um capitalista na Europa (onde se nacionalizam bancos que estão a dar raia por dá cá aquela palha - ainda hoje a Holanda nacionalizou mais um que andou a queimar dinheiro - os capitalistas viram-se para o povo e dizem.

"Dá-me o teu dinheiro que o vou usar a bel prazer e se esta merda for pelo cano abaixo, toca a ficar sem saúde, educação, segurança social e a fazer sacrifícios no ordenado para ajudar o Estado a pagar a merda que nós fizemos"

Fernando Urlich, com o seu discurso do "Aguenta, aguenta" é o espelho acabado dessa ideologia. Um capitalismo alicerçado duas vezes no dinheiro dos cidadão. Primeiro no dinheiro que a eles lhes é confiado e em segundo lugar alicerçado nos impostos que pagamos ao Estado para poderem ser recapitalizados quando as má gestões deitam milhares de milhões pela sanita (com um desvio estratégico para algumas contas na Suíça e nas Caimão).

É fácil ser banqueiro em Portugal quando se tem o dinheiro do Estado (dos contribuintes) para almofadar a gestão arbitrária. Por isso é fácil dizer "Ai aguenta, aguenta" porque se não aguentam os bancos não têm dinheiro para funcionar.