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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Viva o PREC!

E voltámos aos tempos do PREC.

Qual Vasco Gonçalves, Teixeira dos Santos anuncia a nacionalização do BPN, criado em pleno tempo de iuppies e capitalistas, por este já só ser um pasto de lavagem de dinheiro e ter enterrado 700 milhões de euros num buraco sem fundo.

O Concelho de Ministros, qual Junta de Salvação Nacional, vem agora anunciar com toda a tranquilidade, aquilo que foi repudiado com violência nos tempos do PREC onde, o programa do MFA decidiu nacionalizar de uma só vez a banca inteira, ou seja, «todas as instituições de crédito com sede no continente e ilhas adjacentes».

Rude golpe para os capitalistas do regime que se viram forçados a fugir do país e refazer a fortuna para anos depois voltarem de armas e bagagens no tempo das vacas gordas do capital em Portugal. mas o tempo das vacas gordas em portugal foi apenas de vitelinhos mais ou menos cheinhos e de Mellos e Champalimauds hoje só temos capital estrangeiro, sobrando apenas o Belmiro de Azevedo como réstea desse tempo áureo do capitalismo nacional.

A diferença é que hoje a nacionalização da banca não acontece como alternativa ideológica ao capitalismo mas sim como um último recurso para não deixar caír os depósitso dos milhares de clientes que confiaram numa instituição privada para gerir o seu dinheiro e investimentos.

Mais uma vez a hipocrisia é evidente. Aquando do PREC o capitalismo vociferou contra a ruína da economia nacional nas mãos do estado. 30 anos depois vêm choramingar batatinhas. São contra a nacionalização dos ganhos, mas já são a favor da nacionalização das perdas. O estado só serve para segurar as gestões danosas, feitas às escuras, fora do controlo do estado, condição convenientemente idealizada como sendo a alternativa correcta para assegurar o progresso da economia.

O problema é que o capitalismo é um sistema económico e não uma ideologia. É preciso ser ou muito estúpido ou muito ingénuo (ou estar de má-fé) para achar que a opção por ter as grandes empresas fora do controlo do estado tem a ver com uma questão ideológica e uma solução para fazer evoluir a economia.

Fugir ao controlo do estado, como se tem visto, serve apenas e unicamente para uma coisa. Exemplos como a ENRON, a AIG nos Estados Unidos, a crise da Finlândia e a nossa amostra de 700 milhões, dos quais metade desapareceram por investimentos fictícios e lavagem de dinheiro, mostram que o não ter o controlo do estado serve para esconder as operações obscuras que, de facto produzem muito dinheiro, mas que, como se viu neste fim de ciclo, não produzem para a economia, apenas enchem os bolsos de alguns, e quando falha, tem de ser o estado, aquele que vociferavam contra antes, a providenciar a bóia de salvação.

Às vezes vêm-me os repentes revolucionaários e desato a cantar no autocarro entredentes:

"Força, força, companheiro Vasco, nós seremos a tua muralha d'aço"...

3 comentários:

  1. Já te estou a imaginar nessas cantorias no autocarro e o pessoal a olhar de lado para ti como "em outros tempos"!!! Mas não desanimes camarada: a "luta continua..."

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  2. Estás enganado: o capitalismo é uma ideologia sim, baseada na ideia da auto-regulação dos mercados (a treta da mão invisível, que deve bater umas belas píveas invisíveis) que, por sua vez, é suportada pela defesa intransigente do direito à propriedade privada (que inclui não só os bens materiais mas também de outro género).

    Também não acho que a nacionalização seja uma espécie de panaceia, pois também não evita fraudes: apenas as coloca ao serviço da nomenklatura.

    Capitalismo? Não!
    Comunismo? Não!
    Então o quê?

    Anarquismo, pois então!!!!

    E gajas boas.

    :)

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