O que aconteceu hoje foi uma barbárie. Não maior do que um radical cristão que puxa fogo a uma clínica de abortos no Tenesse ou um norueguês tresloucado a varrer indiscriminadamente um acampameno de jovens socialistas. Todos pertencem a uma corja sub-humana que não é capaz de ter um pingo de compreensão e tolerância pela diferença de visão e opinião.
A diferença está que os ataques radicais cristãos ou de direita são feitos no extremo dos valores ocidentais, os quais, dentro da gramática cultural ocidental, são controlados e balizados por aquilo a que designámos como secularismo e são uma distorção extrema das regras por nós criadas.
Os ataques islamitas radicais não estão nas franjas da nossa civilização nem são uma distorção desses valores. Estão em afronta directa e oposta a esses valores.
Outra questão, não com menos importância, é a seguinte. Há que fazer a partir de agora uma escolha.
Muitos defenderam hoje com unhas e dentes o direito do Charlie Hebdo de ter publicado os cartoons satíricos, considerados ofensivos por muitos, se não todos os, muçulmanos (com a salvaguarda da reação de uma minoria ter sido diferente da maioria).
Ao fazê-lo não se poderão esquecer que o Charlie Hebdo publicava capas como esta:
Os cartoonistas do Charlie Hebdo não desenhavam Maomé para provocar islamitas, desenhavam Maomé e quem lhe apetecesse, porque esse é o valor da democracia ocidental.
O podermos rir connosco próprios e com os outros, sem medo. O direito a poder ofender e poder ser ofendido, o direito a podermos defender a nossa honra e liberdade.
É a este extremo que temos de levar o nosso direito. Quando dizemos somos Charlie dizemos, somos o direito de de poder desenhar Maomé nu a lavar a loiça, Jesus a levar no Cu, o Cavaco a lamber os tomates.
E só seremos todos Charlie se amanhã continuarmos a aceitar todos os cartoons, e não apenas aqueles sobre Maomé ou muçulmanos.
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