Uma vez um colega meu disse-me com genuina admiração que ir ao cinema ver um filme do Manoel de Oliveira era como ir de peito aberto para a batalha, após ter adormecido a meio do monólogo do Luís Miguel Cintra no filme "O Quinto Império".
O cinema português vive da pasmaceira dos planos contemplativos de Manoel de Oliveira ou da competência estéril de diálogos minimalistas de Marco Martins. Falta coragem narrativa, faltam actores com escola para serem filmados e dirigidos, faltam argumentistas com tomates. Há no entanto realizadores limite que apostam tudo no risco cénico e fotográfico. João Pedro Rodrigues é um deles.
Com três dos mais magníficos planos alguma vez filmados por um realizador lusitano "Morrer como um homem", ao esgotar-se nesses três planos e resumir-se nesta sinopse:
"Um travesti com um filho militar desertor homossexual homicida de G-3 na mão e com o namorado toxicodependente a enforcar-se no quarto vai com um bando de travecas caçar gambozinos à meia noite numa floresta filmada a sépia. No fim o namorado toxicodependente suicida-se nu na praia a cantar Marco Paulo enquanto o traveca acaba a cantar uma fado vestido de plumas em cima de um jazigo no cemitério do alto de são joão a contemplar o seu próprio cadáver."
faz-me pensar que provavelmente o 2012 do Roland Ehmerich será mesmo um bom filme.
João Pedro Rodrigues gasta 5 minutos num plano a vermelho com 3 travestis, um homossexual toxicodependente e um gordo sem nome, imóveis numa floresta escura a ouvir Elton Jhon.
Roland Ehmerich atira com um portas aviões para cima da Casa Branca.
Entre o eterno síndrome da arte pela arte do artista incompreendido português e os devaneios apocalípticos de um holandês entediado eu escolho o porta aviões, se faz favor.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminar