As Promessas que fazemos

Nota Prévia: Este é um blogue de expiação, pessoal e intransmissível. As javardices voltarão à sua programação habitual após o sinal.

O exercício de escrever para mim sempre fui um acto de catarse. Faltando-me o mínimo de disciplina necessária para melhorar regularmente os vícios naturais dos iniciados nestas coisas do escrevinhar o que nos vai na alma, coisa que faço com, por exemplo, a música e a prática do instrumento que ouso afirmar que sei tocar, embora com resultados discutíveis, vou escrevendo o que muitas vezes me vem à alminha em torrentes desordenadas, em acessos de humor duvidoso, romantismo exacerbado ou drama ascético. E transformo isso nalgumas frases para quem o quiser ler.

Há momentos no entanto em que escrever é também doloroso. Como qualquer acto de catarse o é. É um acto paradoxal entre o íntimo, algo que é só nosso, inexprimível e, no entanto, tornado público, porque é escrito. E quando alguém escreve é sempre para um outro ler. Nem que esse outro seja o próprio que lê, que já é uma pessoa completamente diferente da que escreveu.

O blog de hoje é para duas pessoas, uma delas sou eu. Estou triste por escrevê-lo, mas como qualquer bacharel em psicologia da cozinha mo dirá,é preferível ser escrito do que ficar a macerar cá dentro.

Adiante:
Há anos em que as coisas são mais difíceis outros menos. Quando se tem 32 anos e se olha para trás e vê-se que em metade da vida há uma constante que é paralela aos anos bons e anos maus, aprende-se dar valor a essa constante. Há circunstâncias que afastam as pessoas durante algum tempo, mas como o tempo é alheio à vontade e às circunstâncias, quando damos por ele, traz-nos a vontade de volta.

Há reencontros diferentes. Eles primam pela diferença quando o reencontro se dá num ano difícil e há frases, observações e promessas que se fazem que marcam essa diferença. No fim de 2006, início de 2007 deu-se um desses reencontros e fizeram-se promessas. Um jogo simples e simbólico para amenizar as agruras de cada um.

Só hoje percebi o quanto significavam essas promessas. O quão eram muito mais do que simbólicas. Se eu as vi como tal sei que para ti eram muito mais do que isso.

Perder o primeiro filho durante a gravidez é provavelmente das provas mais difíceis que uma mãe pode passar.

Tenho a certeza absoluta que não irás desistir, é essa a promessa que faço a mim próprio. E não é apenas simbólica

És a maior lição de luta que posso ter, M C P.

*bliip*