Michael Jackson morreu.
Ultimamente o nome veio à baila de novo por estar a preparar um regresso em grande aos palcos. O nome, que todos nós conhecemos por ser a super-estrela pop dos anos 80 e um mutante esquizóide com distúrbios de personalidade que passou de um preto com pinta e que sabia dançar para um pedaço de esqueleto com silicone e colagénio agarrado à cara, tinha agarrado a ele dois julgamentos por abuso sexual de menores.
Michael Jackson, desde que se retirou para o anonimato e as editoras discográficas o ostracizarem, construiu para si próprio uma espécie de rancho de fantasia, com o sugestivo nome de "Neverland" para onde convidava um sem número de criancinhas a usufruirem do seu reino de fantasia. Rumores que Jackson se deitava com míudos menores já indiciavam o que seria inevitável. Jackson foi formalmente acusado de pedofilia e livrou-se das acusações por acordos milionários nos bastidores da justiça.
Relativamente a esta parte mais negra, das duas uma, ou tínhamos ali um pedófilo de 45 anos (aquando do último julgamento em 2005) que molestava criancinhas ou um homem de 45 anos que acha perfeitamente natural deitar-se com miúdos e miúdas de 13 e 14 anos só porque lhes tinha um carinho enorme.
Acrescente-se que se se der o segundo caso é porque Jackson nunca saiu da sua adolescência (o que explica as operações, porque hoje em dia na MTV o que está a dar é ser preto e ter BMW's com mulatas mamalhudas a abanar o cagueiro nos videoclips, daí não se compreende o desejo de Jackson em ser branco) e pensava que é ainda era um puto de 14 anos a querer ter as experiências que nunca teve.
Entre um pedófilo de 45 anos e um adolescente de 14 com recalcamentos homossexuais mal resolvidos venha o terapeuta e escolha...
A questão aqui é esta. Jackson era um símbolo do verniz efémero do que foi, e ainda é, o mundo da música norte-americana, onde a construção de um mito é feita através de uma capa apoiada em alicerces que se podem desmoronar de um momento para o outro.
No mundo musical norte-americano dos anos 80 sempre se tentou contrabalançar essa capa de excessos com supostas campanhas de boas causas e solidariedade. Sempre se tentou, quando a música não valia mais do que a capa fina em que se embrulhava e disfarçava, fazer transpor a pouca validade da arte que presumia ser para uma suposta ética redentora.
Muita das atitudes do pop, M.J. incluído, eram de "A minha música não vale um caracol mas ao menos ando a alimentar 400 pretos no Biafra".
Valeu pelas crianças com fome que ajudaram a alimentar, ou a sobreviver apenas por mais uns meses, mas disso eles não falavam pois já tinham feito a sua parte, mas valia por pouco mais.
Por alguma razão acabaram os, tão em voga nos anos 80, concertos LIVE AID e campanhas musicais de solidariedade. Os feitos mais recentemente não tiveram o impacto mediático dessa altura.Michael Jackson que tantas campanhas fez pelas criancinhas do mundo acabou a sua carreira com acusações de pedofilia a pender-lhe sobre a cabeça como a espada de Démocles e cujos concertos agora marcados e já esgotados tentariam remover.
Estranha ironia ou apenas o revelar daquilo que deveria ser óbvio. A música é um valor só por si. Quando se tenta refugiar noutros valores que não nela própria é porque não tem valor suficiente para se chamar música ou para se intitular como arte, acabando em contradições irresolúveis...
Michael Jackson morreu. Para a História fica o álbum Thriller
, inigualável fenómenos de vendas cujo mérito reside única e exclusivamente num só homem: Quincy Jones, produtor genial que sabia como produzir sucessos. Sucessos cuja realidade não irá mais ser repetida. A morte de Michael Jackson simboliza também a morte de uma indústria que usava o verniz do efémero para eternizar a arte. Suprema contradição irresolúvel como hoje se percebe.
O verniz quando deixa de ser repintado estala, definha e morre. Reality has checked in.
Jim Morrison, a última das estrelas de rock honestas que a América do Norte e o mundo conheceram, disse um dia ao vivo:
"I just want to get my kicks before this all shit house goes up in flames"
And that's the only Rock I need!
Bem hajam...